terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Realidade
Em ti o meu olhar fez-se alvorada
E a minha voz fez-se gorgeio de ninho
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho
Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada
E a minha cabeleireira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho
Minhas pálpebras são cor de verbena
Eu tenho os olhos garços, sou morena
E para te encontrar foi que eu nasci
Tens sido vida fora o meu desejo
E agora, que te falo, que te vejo
Não sei se te encontrei, se te perdi
"Florbela Espanca"
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